Lendas e Tradições

Penedo do João Brandão

Aqui se sentava João Brandão, conhecido como o terror das Beiras, à espera que suas vítimas passassem na estrada, em frente, para as assaltar e saquear.

Nascido a 1 de Março de 1825, em Midões (Casal da Senhora), o seu nome completo era João Víctor da Silva Brandão, sendo filho de Manuel Brandão, ferreiro de profissão.

O seu pai era o líder de um grupo de criminosos, quase todos eles da sua família, que fazia, na época de conflito entre liberais e absolutistas, uma luta de guerrilha. Assim, João viu todos os seus maus instintos incentivados pelos familiares, e aos doze anos cometeu o primeiro homicídio: com o intuito de treinar a pontaria, matou um pastor de Gouveia.

Foi preso diversas vezes, mas sempre liberto e ilibado dos crimes que lhe imputavam, devido à proteção de altas instâncias de cariz liberal a quem um criminoso disposto a tudo era muito útil. Durante décadas praticou assassinatos, roubos e extorsões, gozando de protecção por parte das autoridades, governos e famílias importantes das terras por onde passou. Por esta mesma razão, a sua família ascendeu socialmente, tendo inclusivamente João pertencido à câmara de Midões entre 1849 e 1853. O estabelecimento da paz e a centralização da administração política levaram à queda de João Brandão, tendo finalmente, em 1869, sido condenado no tribunal de Tábua ao degredo em África, pelo homicídio do padre José da Anunciação Portugal. No entanto, gozou de todas as regalias, tanto em Luanda como em Mossâmedes, para onde pediu transferência e onde criou uma próspera fábrica de aguardente.

Morreu no Bié, supostamente envenenado, em 20 de Setembro de 1880 para onde tinha fugido com receio de ser preso pelo governador de Mossâmedes.

Quando João Brandão foi deportado para o exílio, organizaram-se festas populares por toda a Beira e o povo cantou nas ruas:

Lá vai o João Brandão

Com as calças na mão.

Atão, atão, atão

Tré, tré, olaré, tré, tré

Era a moda do meu pai

Oh pastor, lavrador, enganador

Rinhinhó, rinhinhó, ó-ó-ó, ó-ó-ó.

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Lenda da Moira Encantada

Reza a história, neste caso a lenda, que, um belo jovem, habitante do Casal, deslocando-se para o moinho da Ponte Jugais, com uma taleiga de cereal para aí ser moído, ao passar pelo sítio, hoje denominado Damoira, encontrou uma linda moira encantada e, de imediato se apaixonaram um pelo outro. Juraram amor eterno e a bela moira prometeu-lhe casamento e fazer dele um homem muito rico, mas, com a condição de ele guardar segredo daquele encontro. Combinaram encontrar-se, no dia seguinte, no mesmo local.

Despediram-se e o jovem, louco de alegria, já não seguiu para o moinho e regressou ao Casal para contar a toda a gente o seu encontro maravilhoso.

Quase não dormiu e, logo pela manhã, correu para o local ao encontro da sua moira encantada mas, ela não apareceu.

Não soube guardar segredo… Sentou-se numa pedra e chorou suas mágoas, sem parar, durante muito tempo.

Foram tantas as lágrimas que começaram a correr pela terra, dando origem à ribeira do Casal que, ainda hoje, vai desaguar as suas águas no ribeiro do Esporão mesmo no limite da freguesia de Travancinha, para juntos se dirigirem até ao rio Seia.

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